A marcha dos antigos legionários letões da SS terminou em Riga, informam fontes locais.
De acordo com a polícia, o evento contou com a participação de várias centenas de participantes, que marcharam desde a igreja de São João até a praça da Liberdade, no centro da capital letã.
Após a cerimônia de colocação de flores ao pé do monumento da Liberdade (Brivibas piemineklis) pelos veteranos da Legião Voluntária Letã da SS, antifascistas começaram a se reunir na praça homônima, vestidos de branco.
A polícia da Letônia reforçou a sua presença no centro de Riga para manter a ordem durante a marcha anual dos veteranos da Legião Voluntária da SS. Os participantes da marcha reuniram-se na igreja de São João e ao pé do monumento da Liberdade.
Segundo o site LSM (sigla em letão para Mídia Popular Letã), as autoridades locais estão mantendo a ordem e apelando a evitar provocações.
Várias fontes nacionais, inclusive no poder municipal e estatal da Letônia, criticaram a marcha de 16 de março. Por exemplo, o ministro do Interior, Rihards Kozlovskis, do partido Unidade (Vienotiba), comentou que "forças inimigas" podem ser usadas neste 16 de março para desacreditar o poder atual da União Europeia (UE), mostrando que o nazismo está ressurgindo.
Porém, o chefe da Polícia Estatal letã, Ints Kuzis, desmente que existe perigo iminente, mas não descarta a possibilidade de provocações.
Segundo ele, vale lembrar que cada 16 de março a situação é nova em Riga. E neste ano, a diferença é ligada à situação na Ucrânia e à presidência da Letônia na União Europeia, o que faz as autoridades locais e a polícia assumirem maior responsabilidade para garantir a tranquilidade.
Monumento da Liberdade em Riga
Reação internacional
Há reações críticas também da parte de outros países vizinhos da Letônia, que condenam firmemente o evento. Por exemplo, Mateusz Piskorski, diretor do Centro Europeu de Análise Geopolítica e presidente do partido polonês Mudança (Zmiana), entrevistado pela Sputnik Polska, qualifica a marcha dos legionários nazistas como "uma tradição vergonhosa nos países bálticos".
"No entanto, quem quer protestar contra essas marchas, não é admitido neste período nos territórios da Letônia e Estônia. Existe um controle fronteiriço não oficial", disse o político.
"Eu acho que isto é mais uma tentativa de reescrever a história, ligada diretamente ao passado colaboracionista dos países bálticos e que está se repetindo a uma escala maior na Ucrânia", frisou.
O deputado do Bundestag (parlamento) alemão Sevim Dagdelen, do partido A Esquerda (Die Linke), também acredita que a marcha de Riga é condenável e que a condenação deve ser oficial por parte do governo federal da Alemanha.
Contatado pela Sputnik Deutschland, ele disse que a Alemanha oficial viola um "tabu político e histórico" ao recusar-se a condenar a marcha. A justificação da recusa, segundo Berlim, está no direito de cada país a definir a sua atitude perante o seu passado.
Segundo Dagdelen, a Alemanha já tinha violado um "tabu" ao apoiar o governo atual ucraniano, "que contou com participação aberta de fascistas, como o partido Svoboda (Liberdade), que até agora é formado por fascistas".
O deputado acrescentou também que a direita alemã apoia a marcha em Riga e até convidou participantes para ela.
O deputado do Partido Comunista da Boêmia e Morávia (República Tcheca), Pavel Kovacik, também exigiu da UE um posicionamento oficial condenando "todas as ações que têm caráter nazista". "Especialmente no ano em que o 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial é celebrado", acrescentou.
"Todo elógio do nazismo é terrível, qualquer que seja a sua forma", disse Kovacik.
Marcha de 16 de março e Marcha da legião letã da SS em 2014
O evento desta segunda é anual desde 1994 e foi um evento apoiado pelo Estado letão em 1998 e 1999. O motivo da comemoração é a primeira participação do Batalhão Voluntário Letão da SS (Latviesu SS brivpratigo legions em letão, Lettische SS-Freiwilligen-Legion em alemão) da Segunda Guerra Mundial em 1944.
Vários historiadores letões insistem, no entanto, que a Letônia não iria ajudar Hitler se não tivesse sido anexada pela União Soviética em 1940. Porém, os seus colegas afirmam que isso não justifica a adesão à causa nazista.
A SS é a sigla para Schutzstaffel, "Tropa de Proteção" em português, uma das forças mais terríveis do nazismo e o principal responsável físico pelas mortes em campos de concentração da Segunda Guerra Mundial.